quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Instituições televisivas

Atanásio Mykonios

O mundo foi inicialmente visto pela TV e a TV absorveu o mundo. Incrivelmente, a TV se apropriou de uma forma de cultura e a mundializou. Mundializou todas as culturas. Industrializou a tradição, a cultura, os costumes e os transformou em imagem. Imagem que fala e que condensa as percepções. Pelo olhar de uma câmera, se esconderam as formas sociais reveladas em forma de um espetáculo necessário.
E as culturas falaram por meio de suas instituições.
No seu caminho pela transformação do mundo em um mundo televisivo, as instituições se deixam penetrar pela TV. É a TV que fala pelas instituições, mesmo a contragosto, as instituições são tragadas para dentro da TV de tal forma que seu discurso se esvazia no âmbito da informação e da notícia. Além disso, constata-se que o patrulhamento social sobre os indivíduos aumenta à medida que a TV é transformada em porta-voz das instituições sociais.
Mas, no grande caldo em que se faz a TV, a contradição entre as instituições e seus interesses sociais se apresenta também como um imenso espetáculo, num confronto em que, ao final, a venda do produto e dos programas é que determina sua condição. No entanto, as instituições não se mostram efetivamente como são. No cotidiano dos cidadãos, as instituições apenas reproduzem a forma e não o conteúdo de si mesmas. Não podem fazê-lo porque seriam desmascaradas no que há de mais terrível e burocrático, nelas mesmas. Então, a TV serve às instituições no que elas têm de pior, a sua imagem pública e não mais do que isso.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O poder sobre a TV

Atanásio Mykonios


Pois então, vivemos em absoluto na era da comunicação.

Socialmente somos formados pela TV. Muitos ficam arrepiados com o poder da TV e sua programação. As famílias se sentem ameaçadas. As religiões demonizam a TV, mas utilizam-na para propagarem suas doutrinas. O processo educativo sempre esteve em crise, desde a chegada da TV.

Para muitos, a TV é considerada um mal necessário. Para outros, um mal menor. Ninguém se sente totalmente à vontade para tecer elogios à TV. Ao contrário, todos se sentem desconfortáveis diante do poder que ela exerce sobre os indivíduos.

O poder das imagens, a capacidade de penetrar as consciências humanas, rastreá-las e, por último, moldar comportamentos, ditar regras e determinar a decisões que interferem nas condições de existência das pessoas. A publicidade se tornou uma vilã, sobre ela pesam todas as formas de acusação, uma espécie de poder de manipulação sobre as consciências. Comprar depende de uma imensa capacidade criativa para convencer incautos a adquirirem mercadorias. Parece que ninguém, nessa sociedade, está imune às ondas que magnetizam a sociedade.

Eleições são ganhas pela TV. Mas ainda não é o elemento mais importante. Muitos críticos desejam que a TV assuma um caráter educativo. Será possível? Será que poderemos dirigir uma programação com vistas à educação e à proteção de valores cada vez mais distantes da sociedade.

Do ponto de vista eminentemente capitalista, a TV deve ser sustentada. Encontramos algumas formas de sustentá-la. O mercado aberto, a TV pública, em que uma rede de colaboradores (assinantes) mantêm a programação e a forma estatal. Em todas essas formas, os recursos são necessários. Em outras palavras, o dinheiro sustenta a TV.

Se o dinheiro sustenta a TV, o que é dito nela deve seguir as orientações de quem tem o poder do sustento. Esta é a primeira regra que devemos reconhecer e deixar a ingenuidade de lado. O financiamento da TV expressa sub-repticiamente a ambigüidade com que o tema é tratado.

A moralidade, os valores e a elevação no tom formativo dependem preferencialmente da referência a quem sustenta o sistema produtivo da TV. Quem paga é quem deverá determinar os rumos conceituais da forma da imagem.

Este é apenas um dos aspectos que gravitam em torno ao problema da TV e da comunicação que instituiu um modo de visão de mundo absolutamente diverso e alterado.